Sempre lidei melhor com o silêncio. Alguns deles possuem decibéis que são capazes de danificar a audição de alguém, inclusive, a minha.
Escolhia o silêncio em defesa. Quem opta em se silenciar diante do mundo de palavras proferidas, aprende a guardar o mundo, pelo lado de dentro. O meu era todo decorado com minhas cores preferidas: preto e branco. Engraçado né? Enfeitar aquilo que dói. Pois é. Fazemos muito isso. Eu fazia muito isso.
Dói aquilo que o outro diz, porém dói bem mais quando depois de ouvido, é repetido. Eu repetia meus silêncios. Tornei-me perita nisso.
Cansei de dar o meu silêncio a quem não poderia ouvir minhas palavras. Cansei de esbravejar o meu silêncio a quem não poderia me acolher. Cansei de vomitar silêncios a quem, não seria capaz de compreendê-los. Cansei.
A gente se cansa de ficar em silêncio sozinha.
Aprendi a ouvir o que os meus silêncios queriam por fim, me dizer. Não dizer também era uma forma que eu usava em querer dizer algo, mas que gostaria de confessá-los a quem soubesse ouvi-los. Eu não queria dizer por dizer. Não suportaria um silêncio duplo. Eu desejava a palavra ouvida, a palavra dita. Eu queria significar o meu mundo sim, mas queria começar por onde mais doía, pelo lado de dentro.
{Simony Thomazini}
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