sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Coitada!!

Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrás... desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.
Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

- Martha Medeiros

O amor teve várias versões..

O amor teve várias versões pra mim. Na adolescência era intenso, movido a tudo e nada. Eu queria o mundo e o amor. E se eu não tivesse um ou o outro, eu queria morrer, porque a vida não teria mais graça e blá blá blá. Aos 20, isso mudou. Eu queria um amor que pegasse na minha mão enquanto estivéssemos no cinema e que me fizesse juras de amor como nos livros que eu havia lido, além de ser "eterno", claro!

Aos 25, pensava que o amor não seria tão bom assim e que isso era cois...a de cinema, coisa de livros, porque afinal, nunca tinha dado certo e os amores errados já estavam lá na estante e enfim... mas, no fundo, bem no fundo, um dia eu o encontraria. A esperança é uma das minhas maiores qualidades e sempre esteve ao meu lado. Isso nunca mudou. Aos 29, parei de pensar sobre o amor, apenas, escrevia. Escrevia tanto sobre ele, fantasiava-o tanto, e imaginava que quando o encontrasse, estaria pronta. Pronta pra quê mesmo? Pois é. Mas, todo mundo é marinheiro de primeira viagem no amor. Escrever pra mim era fuga.

Todas as versões conquistadas vieram à tona. Não tinha encontrado um caminho. Não há caminhos pro amor, por mais que eu pensasse que agora, eu estaria pronta pra ele e ele pronto pra mim! No fundo, isso não passava de controle. Até em fantasia, eu controlava o amor. Eu desejava segurá-lo em minhas mãos, muitas vezes, literalmente...

Mas, me deixei levar e aí, conheci o meu lado mais bonito, mas também,conheci o meu lado mais sombrio. Aprendi que eu poderia amar sem esforços e ser amada sem esforços, porque amor e força nunca combinaram. Aprendi que eu posso enlouquecer as vezes sem saber o que fazer e tudo bem. Posso me dar o direito de fazer isso. Aprendi que eu posso ser feliz, mesmo na loucura. Aprendi que o amor nunca foi uma teoria (como tantas vezes eu teorizei a respeito) e com várias versões por mim feita ao longo de meus 30 anos. Aprendi que o amor chega e que não vai dar tempo de arrumar a casa, juntas os cacos, ajeitar o coração, mas que se a vontade imperar, se o coração se abrir, ele pode devolver o lado mais bonito. E ele devolveu ainda que com dor. Não dá pra devolver algo que a gente nem sabia que tinha (e o que não tinha),sem dor...

E é por isso que eu não me canso de repetir que aqui dentro tem um lugar no meu coração que você pode chamar de seu.

Eu que amava o chão (porque ele era fonte se segurança e amparo) de repente, tão de repente, me vi querendo voar e voar e rodar e de novo e de novo e de novo, sem pensar nas quedas e dane-se se houverem quedas.

Porque eu sei, eu sinto, que será a melhor queda da minha vida!


 Simony Thomazini
“É muito fácil pedir, pedir, pedir. Difícil é se doar. Porque normalmente as pessoas têm a triste mania de jogar na cara. Fiz tal coisa por você. E eu por você. Daí vira aquela agressão gratuita, aquela lavagem de roupa suja, aquela coisa f...eia e antipática que não combina com sentimento. Mas então eu me pergunto: será que tudo combina com sentimento? Claro que não. A gente não consegue ser bom o tempo inteiro. A gente não consegue deixar de lado as mágoas e seguir em frente. Tem coisa que alfineta, cutuca, aperta. E é preciso gritar, tirar, sair desse círculo vicioso e ruim. Não é fácil. Mas também não é tão complicado assim. Basta querer. Basta sair daquele pedestal. Basta realmente se importar com o que faz. A gente pensa que é muito bacana e que faz o melhor que pode. Que bobagem. Nem sempre lutamos com força e com fé. Às vezes, a gente só deixa a vida nos levar, como se fosse um rio que leva pedaços de árvores e lixo.”

Clarissa Corrêa
 
Apaixone-se por alguém que te curte, que te espere, que te compreenda mesmo na loucura; por alguém que te ajude, que te guie, que seja teu apoio, tua esperança. Apaixone-se por alguém que volte para conversar com você depois de uma briga, d...epois do desencontro, por alguém que caminhe junto a ti, que seja teu companheiro. Apaixone-se por alguém que sente sua falta e que queira estar com você. Não apaixone-se apenas por um corpo ou por um rosto; ou pela ideia de estar apaixonado.

 Tati Bernardi
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014


Porque ninguém se mantém interessante ou mágico. Mas a gente espera, lá no fundo, perdido, soterrado e cansado, que a vida compense de alguma maneira. E a gente ganha dinheiro, compra roupa, aprende novas piadas, passa protetor labial. Só pra que a vida compense em algum momento. Só pra ganhar a coceguinha no coração. Coração burro, tadinho. Que preguiça desse coração burro.


Tati Bernardi