segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Amor meu, tem um tempinho pra nós dois?

 Uma conversinha rápida, juro. Não se preocupe, não é nenhuma notícia ruim, não precisa me olhar com esses olhos arregalados não. Só queria aproveitar que estamos aqui, um de frente para o outro e às voltas desse mundo imenso e assustador que nos aguarda, pra te dizer algumas coisinhas.
Prometo sempre ser eu mesmo. Acha meio louco ou abstrato isso, né? Entendo. Vou te explicar: prometo, aos pouquinhos, mostrar pra você minhas qualidades. Se possível, todas. Mas prometo também não esconder meus defeitos, que, talvez, superem minhas virtudes. Porém, saiba que prometo a cada dia ser melhor em alguma coisa. Por mim e por você. Ok, acho que mais por você que por mim. É que tanto ouço falar por aí no “amor perfeito”, e sei lá se alguém é capaz de viver nesse mundo de maravilhas, se alguém consegue, que bom, fato é que ser humano é ser passível de falhas e eu não passo de um humanozinho desses qualquer, que enxerga nas imperfeições de um amor a forma mais perfeita de defini-lo.
Prometo fugir dos clichês. Abaixar a tampa da privada ou tirar a toalha molhada de cima da cama? Sai dessa. Vou além. Prometo dividir as tarefas domésticas. Ser um ótimo cozinheiro, embora meus dotes culinários não ultrapassem o clássico arroz com feijão e bife. Prometo, na segunda de manhãzinha, me matricular no melhor curso de culinária dessa cidade e fazer uma surpresa pra você, algo parecido com um daqueles pratos franceses de nome complicado mas capaz de dar inveja a qualquer vencedor do Master Chef. Prometo cuidar do nosso jardim. Prometo varrer as folhas que caem da árvore do vizinho sobre o nosso quintal, embora eu enxergue algo de poético nisso, e você acha graça e me chama de sonhador. É, talvez eu seja. Prometo também plantar dois ou três girassóis em meio às suas violetas, acho que ficaria bonito, não?
Prometo ler pra você. Rubem Braga, Veríssimo e Caio Fernando. E alguns outros. Prometo declamar versos de Vinícius, de Drummond e de Leminski. E prometo, no meio de todos esses inalcançáveis poetas, versar a ti alguns poeminhas de minha autoria, dizer que foi escrito por Mário Quintana e olhar sua reação. Depois ouvir você dizer: “Ah, só Quintana mesmo pra escrever essas coisas…” E só aí contar a verdade, que foi escrito por mim numa dessas tardes chuvosas de domingo, enquanto pensava em você com aquele seu vestido de flores, sorrindo pra mim de forma displicente mas muito verdadeira. Divertido seria testemunhar suas bochechas ficando rosa de vergonha, aquela ajeitadinha tímida no cabelo e o elogio mais feminino impossível: “bobo”. Ou seja, entenda-se: “Casa comigo amanhã pela tardinha?”
Prometo te abraçar. Abraçar muito. Demais da conta. Abraçar até o limite. Ou além. Prometo te abraçar quando você sentir frio, mas não pela obviedade de aquecê-la, e sim pela certeza de sermos apenas um quando juntos. Eu sou você e você sou eu, entende? Prometo te abraçar na fila do pão, no táxi, no passeio pela praça, na loja de sapatos, na lotérica ou em qualquer outro lugar banal como esses, afinal, o amor é mais lúdico nas banalidades. Prometo te abraçar quando estivermos sozinhos, de testemunhas apenas um céu estrelado e uma lua cheia, de preferência numa praia deserta em Fiji, já pensou? Mas se não puder, que seja aqui pelo Rio de Janeiro mesmo, felicidade não calcula-se por quilômetros, felicidade é você e eu abraçados em qualquer lugar que decidirmos chamar de “nosso paraíso”.
Prometo risadas. Incontáveis risadas. Algumas mais contidas, outras sem medir a voz. Prometo rir do seu pijama de vaquinha. Prometo rir do seu chinelo 34 e te chamar de “minha pequena” logo em seguida. Prometo rir só por implicância mesmo, pra que você venha me dando aqueles seus soquinhos incapazes de machucar até mesmo uma borboleta, e eu revide com um beijo longo e transbordado de sentimentos. Prometo sorrir quando você me disser coisas bonitas. Prometo também um sorriso amigo num momento difícil. Prometo, acima de tudo, sorrisos eternos quando percebermos que decidimos proteger pra sempre um ao outro.

Brunno Leal
Eu acredito que amor eterno exista. Mas não acredito que a paixão esteja sempre lá em cima. Se você está casado há muito tempo a paixão diminui, você volta a se apaixonar, depois ela volta a diminuir. Faz parte dos ciclos da vida, por assim dizer. Mas eu acredito em casais que se amam para sempre. Talvez o amor mude da juventude, quando é cheio de paixão, empolgação para a maturidade, quando é mais conforto e familiaridade. Qual deles é melhor? Não há um melhor. Amor é amor, e ele oscila.

Novaes (S.N)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Estava eu aqui, pensando em todas as histórias de amor mal acabadas que já tive, acho que todas elas foram mal acabadas. Na primeira fomos separados pela distância, depois teve aquele que me traiu, o outro me sufocou até que eu não suportasse mais, tem aquele de quem ainda me dói lembrar e o outro de quem ainda não tive coragem de jogar os presentes fora e, é claro, tem AQUELE! Aquele com quem vivi inúmeras lembranças boas, mas que hoje somos meros estranhos sem saber o que dizer quando estamos perto um do outro.
Você já parou para fazer análise das suas histórias? Percebi que entre uma história ou outra eu sempre me queixava de que eu tenho um dedinho podre e de como eu podia errar tantas vezes assim, é término após término. Destilo, assim, o meu mar de lamentações para o amigo mais próximo – eu tenho os melhores amigos do mundo! Sério! -, os pobres coitados sempre escutaram tudo com toda a paciência do mundo, me aconselharam e secaram minhas lágrimas até que eu estivesse pronta para me levantar novamente, bater a poeira e seguir em frente. Me orgulho em dizer que eu sempre consegui seguir em frente, por mais difícil que fosse, e foi difícil muitas vezes. Foi difícil quando aquele cara que eu achei que amava não me amou de volta, foi difícil quando aquele que me sufocava com seus ciúmes obsessivos fez com que eu me afastasse de todos os meus amigos e amigas, foi muito doloroso quando aquele, de quem ainda não consegui me livrar dos presentes, me deixou com um leve aceno de cabeça – na ocasião eu não sabia que nunca mais nos veríamos -, e foi quase a morte quando, no último dos meus relacionamentos, ele preferiu trair a minha confiança e meus sentimentos por ele. Acho, honestamente, que ele traiu não só a mim, mas a si mesmo e todo o nosso relacionamento, mas todos nós estamos sujeitos a erros, optei por não julga-lo, afinal, isso não me ajudaria em nada!
Ao longo de cada tombo consegui identificar uma sucessão de aprendizados, os conselhos que sempre tive e as experiências adquiridas foram fundamentais, mas ainda teimo em dizer que os tombos sim, esses foram a melhor escola para que eu pudesse me tornar o que me tornei hoje. Com eles eu consegui perceber o que quero para mim e o que espero de um relacionamento, e sem eles eu nunca teria sofrido os primeiros arranhões, não teria descoberto o verdadeiro valor de algumas amizades e eu não precisaria descobrir a minha força interior. Sem eles eu, certamente, teria menos cicatrizes, mas não me arrependo de nenhuma delas, pois cada uma, a seu tempo e a seu modo, trouxe algumas cores para minha vida. Embora eu tenha seguido em frente, eu realmente precisava passar por cada um daqueles percursos, por vezes, muito tortuosos, pois hoje consigo perceber que cada uma delas me compõe, são minha história, são parte do que eu sou e de quem me tornei, e sou sim, alguém melhor graças a cada um de meus relacionamentos e tombos que encontrei pelo caminho.
Hoje, depois de tantos erros e de tantas histórias que me trouxeram tristezas desnecessárias, entendi que tenho que ser mais cautelosa e que definir minhas prioridades é, possivelmente, o primeiro passo para que eu não volte a me machucar. Ao invés de me queixar novamente sobre meu dedo podre, preciso saber o que quero para mim, o que espero de um relacionamento e o que realmente está em primeiro lugar na minha vida. Você não precisa se sentir culpada ou mal por esse, talvez, não ser o um bom momento para que você comece uma nova relação, deixa a vida seguir seu percurso, defina o que é melhor para você e em que momento isso será bom para você – temos tempo para tudo na vida – e aí, esteja certa de que cairá bem menos vezes pelo percurso.
Não tenha medo de aceitar ajuda, de ouvir conselhos e puxões de orelha e de ter que bater a poeira uma vez ou outra. Também não tenha medo dos desafios, vencê-los significa que você cresceu, mudou, aprendeu e sobreviveu. Por mais doloroso que possa ser, sempre podemos tirar boas lições deles, o importante é não desistir de encarar o que vier. As coisas nem sempre saem como planejado, mas, veja por esse ângulo, em algum momento, tudo vai ser muito melhor do que você um dia poderia imaginar.
 
Jaque Rodrigues

Paris, quero voltar a ver Paris

 
Desta vez, esta noite que pas­sou, não foi como da pri­meira vez que vi Paris: esta noite tinha os olhos rasos de raiva. A guerra dói, a guerra mata, mas isto não é guerra, isto é o “silence of the lambs”, a mor­tan­dade dos ino­cen­tes, o assas­sí­nio do quo­ti­di­ano inde­feso. Quando se está em guerra, sabe-se que se está em guerra, mesmo quando se toma o pequeno almoço. Eu já tomei o pequeno almoço sabendo que estava em guerra. Mais pró­xima ou mais lon­gín­qua, mas estava em guerra. Em Paris, quem can­tava e dan­çava no Bata­clan, quem jan­tava no Le Petit Cam­bodge, não sabia que estava em guerra, pela sim­ples razão de saber que não estava em guerra. O que qui­se­ram matar, na mais de uma cen­tena de mor­tos da noite de 13 de Novem­bro, em Paris, é a nossa forma de viver, a nossa forma de dan­çar, a nossa forma de comer e  foder.
 
Matam Paris para nos matar a todos, para matar o cora­ção que há den­tro de nós. Matam Paris para nos matar de medo.É obri­ga­ção de cada um de nós, dos que que­re­mos ser livres na comida e na bebida, na con­tem­pla­ção sem reser­vas do homem e da mulher nus, na cele­bra­ção do amor exaltado e tór­rido que é o amor do Oci­dente, fazer­mos viver Paris em nós.
Recordo, e é a peque­nina e sim­bó­lica home­na­gem que agora me ocorre, a pri­meira vez que vi Paris.
 
A pri­meira vez que vi Paris: olhos rasos de água, claro. Tinha aca­bado de tirar os olhos de Lis­boa e come­çava a ver o que na vida tinha para con­quis­tar.
O avião sobre­voou a cidade e vi, lá de cima, o Sena, aper­tado à esquerda e à direita, como vi a Torre Eifel a levantar-se, com esta­tura car­te­si­ana, uma espé­cie de “cogito” urbano como não há em mais lado nenhum, a não ser em Nova Ior­que onde os fran­ce­ses plan­ta­ram, como “ersatz”, a Está­tua da Liber­dade.
Sei bem que a França não está na moda. Na moda tem estado, e julgo que ainda está, dizer que os fran­ce­ses são arro­gan­tes e os pari­si­en­ses insu­por­tá­veis. Mas nesse dia, em que pela pri­meira vez vi Paris com olhar cân­dido e souci de con­nais­sance, encon­trei o meu par.
A minha França come­çara, quase por acaso, quando (terá sido em 1962?) o meu pai trouxe, do porto de Luanda, uns dis­cos aban­do­na­dos, 45 rpm, de Jean Fer­rat, um cro­o­ner (ou um poeta-autor?) que me fez ouvir a estra­nha música de uma das mais belas lín­guas que conheço. Depois, um bom bocado depois, sozi­nho ou com aju­das, peguei de frente e de cer­ne­lha, os poe­tas, de Rim­baud a Élu­ard, de Bau­de­laire a René Char.
Antes, a França já me tinha sido passe-partout para atra­ves­sar a ale­gre tris­teza da ado­les­cên­cia. Foi o meu yé-yé, com o Michel Pol­na­reff da pou­pée qui fait non, foi o meu sonho do baile de sábado à noite em que Syl­vie Var­tan era la plus belle pour aller dan­ser. Eu, que vivia em África, deli­rava com o Tour de France em que Jac­ques Anque­til inva­ri­a­vel­mente esma­gava Ray­mond Pou­li­dor (o mais injus­ti­çado dos ciclis­tas).
A pri­meira vez que vi Paris, deixei-me ficar. Tinha um quarto esconso, no último andar  de um qual­quer número da Rue du Bac, em pleno 6eme, entre a rue de Gre­nelle e o bou­le­vard Saint Ger­main. Mar­gem esquerda, a que me ficou no cora­ção, mas a que hoje, apren­dida a lição de Truf­faut, sou infi­de­lís­simo. Des­co­bri, da Opéra à Made­leine, de Pigalle a Mont­mar­tre, a sen­su­a­li­dade mar­gi­nal da direita, a que me entrego com volú­pia bau­de­lai­ri­ana.
Não sei se a França de que con­ti­nuo a gos­tar, por tanto a ter antes amado, ainda existe. Era, essa França  de que pri­meiro gos­tei, a mesma França com que Hollywood sonhou quando fez “An Ame­ri­can in Paris” ou “The Last Time I Saw Paris”. Ele­gante, gene­rosa e cos­mo­po­lita. Lumi­nosa e vã. Tenho a vai­dade de pen­sar que lhe devo a minha edu­ca­ção sentimental.
 
Fonte: Site: Escrever é triste
Postado por:     Manuel S. Fonseca
 

sábado, 3 de outubro de 2015

E o que fazer agora? Agir ou reagir? Meus reflexos e reflexões estão em conflito! Teoricamente sei o que devo fazer, mas de repente estou fazendo tudo ao contrário, me permitindo a ser só emoção. E me pergunto? E daí? Será que tenho mesmo que ser toda programada pra fazer tudo direitinho, fazer tudo o que o mundo espera que eu faça? Acho que não, acho que as vezes precisamos ser todo sentimento, e deixar esgotar tudo o que nos corrói por dentro. O resultado pode até nos surpreender!!!

Damaris Ester Dalmas
"Prioridade a gente tem que dar para quem está com a gente sempre.
Relações de conveniência são fáceis de encontrar, mas as de lealdade e companheirismo incondicional não.
Se tornar presente quando precisa de você é simples.
Ser presente quando você precisa é que não é.
E para perceber esta sutil diferença entre as pessoas que fazem parte da sua vida, é preciso resgatar a memória, relembrar o coração, abrir os olhos e manter os pés no chão....
Assim a gente aprende a ver com quem realmente podemos contar, quem está só de passagem e quem chegou para ficar.
(E quando a gente não aprende, a vida se encarrega de nos mostrar.)"


Beatriz Zanzini
"Na maioria das vezes, gosto de estranhos. A partir do momento que você conhece alguém de verdade, se decepciona tanto, que é mais confortante ficar no anonimato. Não me importo se você for indiferente comigo (já me acostumei muito com isso), só não omitam nada. Verdades são ásperas, mas estão aí para serem aceitas, e jamais questionadas. Já passei por muitas experiências por aqui, e ao contrário do que pensam, aprendi muito com isso. Então, se for me adicionar na expectativa de destruir corações, sinto informar que aqui já não existem mais sentimentos. Tudo é muito indiferente. Na verdade, tanto faz. Boa Sorte.”

Caio Fernando Abreu

Querido destino,


Eu e minha vida estamos preocupados com você. Ou melhor, eu, minha vida e minha sanidade mental. Às vezes acho que a culpa é minha, por sempre ter confiado tanto em você e deixado você decidir como as coisas seriam. Claro que já dei minhas interferidas, meus empurrõezinhos, mas sempre tive a sensação de que é inútil e que você que realmente comandou tudo. Sei que você é muito amigo do tempo - esse danado que parece se arrastar quando a gente quer dormir e acordar daqui a 3 meses e voar quando temos 38 trabalhos pendentes da faculdade. Então, mesmo sem saber bem qual endereço colocar nessa carta, venho através desta fazer um pedido: deem um jeito, ok? Isso mesmo que você leu, destino. Pegue seu amigo tempo pela mão e deem um jeito nas coisas por aqui, antes que eu enlouqueça. Sabe que nunca enchi seu saco e pouco o questionei, mas como boa humana de carne, osso e coração, também me revolto.
É bem verdade que você encaixa as coisas, não precisa responder esfregando isso na minha cara. Mas às vezes você me coloca em cada uma... hoje mesmo, são 3 da manhã, eu deveria estar dormindo pois daqui a pouco já tenho que levantar e encarar um novo dia que você preparou pra mim. E adivinhe? Estou aqui tentando entender de onde viemos, para onde vamos e porque meu celular não toca. A cada sinal que esse aparelho emite, meu coração quase sai pela boca, mas é sempre alarme falso: ou é o surfista bonitinho que dá oi pras pessoas na rua fazendo um sinal de hang loose, ou é o nerd que atira pra vários lados, ou o projeto de Lucas Lucco que não consegue formular uma frase inteira. Com sorte, tem aquele com quem rola uma conversa bem produtiva, é razoavelmente bonito, estuda, trabalha e gosta de se divertir, mas as nossas exatidões não tem somado numa conta de mais. Você parece estar se divertindo com isso, né?
De fato, nenhum desses me interessa. Até interessariam em outra fase da vida. Antes daquele menino largado, vadio, bem humorado, espirituoso, pervertido, carinhoso, bom de papo, bom de lábia e bom de cama, seja dormindo ou acordado. E agora estou aqui desqualificando uns e qualificando outro como se isso influenciasse alguma coisa. Ah, destino, você me conhece e bem sabe que isso não tem nada a ver. Ninguém se apaixona pelas qualidades da pessoa. A gente se apaixona pela pessoa. E todas que você colocou por aqui até agora tem qualidades admiráveis, mas você as coloca por aqui, damos umas voltas e quando vi, a pessoa dobrou numa rua que nunca mais cruzou com a minha. Porquê você faz isso, hein? A propósito, eu sei que você me ensinou a não julgar ninguém, então, desculpa essas características que atribuí pra todos esses caras, mas você entendeu, né? Só quero que você não continue me tirando as coisas que me dá.
Por favor, caríssimo, não me entenda mal. E nem faça muita fofoca minha pro tempo, pois por mais que eu reclame, muito ele já me consolou. Não estou criticando a eficácia de vocês, mas tenho precisado de uma agilidade no trampo, estamos entendidos? Deus me livre ficar de mal com vocês! Já basta o amor - aquele cretino - que volta e meia vem, pede desculpas, fazemos as pazes, conhecemos alguém (geralmente apresentado por você) e daqui a pouco brigamos. Cansei dessa rotina de confiar em você, viver em altos e baixos com o amor e acabar no colo do tempo, ganhando cafuné dele e comendo brigadeiro. Então é assim que me despeço, com afeto e fé no meu pedido de colocar por aqui só o que puder ficar. Mil beijos e bom trabalho!

 Raiane Ribeiro

Sou dessas!!

Sou dessas que tem coragem para as loucuras mais absurdas, mas que é muito medrosa para coisas simples. É por isso que eu vivo inventando desculpas pra não me entregar, pra não correr atrás. Desculpas que eu me esforço para acreditar, mas que nunca serão bem assimiladas. Desconfio que isso seja um misto de orgulho com medo de se machucar. Sou insegura demais para simplesmente me deixar levar pelos acontecimentos. Entro em pânico só de pensar em perder o controle.
Sou dessas q...ue diz não, mesmo querendo dizer "sim, sim, sim, por favor!". Sou dessas que finge desapego para esconder sentimentos, ao mesmo tempo que entrega o jogo com um olhar assustado que tenta se fazer de desinteressado. Sou dessas que nega estar apaixonada, mas fala tanto dele que faz as amigas ficarem de saco cheio. Sou dessas que ri do sentimentalismo, mas que é cheia de sentimentos. Que bagunçam, machucam, confundem. E quando fica insuportável, transbordam. Derrubando tudo pelo caminho.
Você deveria saber, meu bem, que quando eu te disse "me esquece" na verdade eu quis dizer "por favor, não vá". E que o meu "se cuida" significava "eu te amo". E que quando eu te dei aquele tapa, eu queria mesmo era me atirar em seus braços.
Mas é claro, você não tem culpa dessa minha loucura inconstante. Dessa mania de querer ser desvendada escondendo todas as minhas verdades. Me desculpa, vai. Perdoa se eu te confundi. Mais uma vez.
Só que pra ficar comigo, você vai ter que aguentar as minhas idas e vindas alucinadas. Não precisa entender. Muito menos questionar. Só me aceitar. Aceitar esse meu jeito meio louco de fingir não querer enquanto te puxo mais pra perto. De gritar pra você me deixar em paz e te procurar no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Não é que eu queira te enlouquecer, nem nada. É que, você sabe, eu sou mulher. E eu sou mulher demais.

 Maya Marques
 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Amar devia ser pra sempre.

Amar devia ser pra sempre. E quando a gente achava que era pra sempre, tava tudo certo. O problema é que resolveram burocratizar toda a coisa, dar tempo de vida e consequências judiciais pro fim.
Resolveram que o amor agora é contratual e que a penalidade máxima, ao invés de sofrimento e solidão, é uma pensão alimentícia. Resolveram que se a gente ama por três meses, é pouco tempo. Se ama por três anos é tempo suficiente pra marcar casamento, e se ama por treze anos e ainda não casou, é porque trai e enrola.
Como se tivesse tempo pra se apaixonar por um abraço, como se tivesse escolha entre se apaixonar hoje ou daqui uma semana. E aí a porra degringolou toda. As pessoas amam pra mudar status de facebook, amam por carência, por charme, por abstinência sexual. Dão as mãos pra não parecerem solitárias, se entregam ao primeiro que faz um cafuné mais demorado.
E aí todo o mundo começa a tentar te convencer que é assim que tem que ser, que ficar mais de um ano sozinho é sinônimo de solidão e abandono eterno. Tentam te convencer que você tá errado e que o certo agora é gostar pela metade.
É gostar de um beijo bem dado, ao invés de um caráter bem formado. É gostar de um apertão na bunda ao invés de um abraço de saudades. E aí você vai na onda, e quando menos esperar, está enfurnado em um desses relacionamentos conturbados, que te penduram naquele muro onde noventa por cento do mundo se equilibra pra não ter que pular nem pro lado da solidão, nem pro lado do amor incondicional.
E você fica sentado lá no muro. Balançando as perninhas e olhando pro teto. Balançando as perninhas e assistindo série de TV enquanto seu namorado sumiu misteriosamente. Balançando as perninhas e ignorando mensagens de pessoas estranhas. Balançando as perninhas e aceitando frieza na frente dos amigos e competição com gente desesperada.
Daí você pula do muro, e resolve que não quer ser da maioria da população. Que se foda o senso comum, o beijo comum e o amor comum! Comum por comum, que você fique com a monotonia de dormir e acordar sozinho, sem ter que checar na agenda os sapos que vai ter que engolir no dia. E aí, desavisado que só, perambulando sem poder ficar no meio-termo, acaba esbarrando naquele motivo que te fez começar toda essa peregrinação.
Sentada num banco de uma praça perto do shopping, um cara que você nem tinha percebido que se sentou ao seu lado, fez aquela cantada da propaganda da Coca-Cola, e atendeu sua garrafinha de refrigerante pra você, e depois te ofereceu. E podia ter sido a coisa mais brega do mundo, mas não foi, e você só admitiu isso quando passou mais de uma hora escolhendo a roupa para o quinto encontro com ele. E no oitavo encontro, ficou a noite inteira pensando na camisa xadrez que ele usava.
Só que aí não tem mais jeito. Já ficou muito, começaram a namorar. E a família conhece, os amigos conhecem, se formaram na faculdade, e o casamento? Uai, não vão casar? Mas esse namoro tá estranho! E a casa? E o emprego, ainda não tem? Ainda é estagiário, como pode?
E aí pessoas que não tem nada a ver com a história começam a se meter, e escolher data de casamento, e a mãe dele quer conversar com a sua, os seus amigos não acham ele uma boa companhia, as pessoas se metem no estilo de roupa que ele usa, nas gírias que você fala. Daí colocam tudo no papel e provam com matemática, física e química que vocês tem que oficializar tudo. E vocês se casam por amor e depois de três meses estão brigando por causa de um fio desencapado no meio da sala de estar.
Porque sua mãe não acha bonito, e os amigos dele gostam de vir ver o jogo na sala de estar, e sem aquele fio ali, só daria para ser no quarto. Mas desde quando o amor de vocês tinha a ver com sua mãe? Desde quando o amor de vocês tinha a ver com os amigos dele...? Conseguiram de novo.
Fizeram as contas e enfiaram vocês em um contrato. Só que houve quebra por parte da decepção, e a burocratização do amor ficou evidente, quando você jogou a camisa xadrez pela janela, e ele saiu arrastando as coisas numa mala entreaberta, resmungando qualquer coisa sobre um talão de cheques e o fio desencapado. E nem adianta tentar voltar atrás, porque quando o amor ainda não acaba, o orgulho não deixa nada voltar ao que era antes.
Só que não existe tempo nem remédio para combater isso. Quando a gente menos espera, se apaixonou, deu brecha, e o relacionamento a dois virou relacionamento com a empregada, o vizinho de cima, o chefe do seu irmão, a melhor amiga de infância.
E chega! Não quero mais saber de amor! Se é meia-boca, dá errado. Se é por inteiro, dá errado a longo prazo. Vou ficar sozinha! E você fica. E fica. E fica. E aí meio que de propósito, senta num banco de uma pracinha mas o cara que tá lá nem olha pro lado.
E você resolve ir tomar um chá na cafeteria ali perto para esquecer um pouco isso, só que já pagaram seu chá, e veio com um bilhetinho com telefone. Missão completa. O jogo recomeçou. E não faria sentido começar tudo de novo, sabendo que a qualquer momento vão aparecer com uma lista de regras, as condições de jogo e a ampulheta para determinar o tempo certo. Mas quem disse que amar faz sentido?
Uma vez burocratizado, para sempre burocratizado. Mas não dizem que quando se está segurando a mão de quem se ama, pode-se enfrentar o mundo todo? Pois vamos à luta! Uma mão é dada, e a outra é tampando o ouvido.

 Maria Beatriz


Mas sou atrevida por natureza e adepta da frase de Nietzsche:
"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia".
Ai, Nietzsche você sempre soube! É isso mesmo. Eu odeio e assino embaixo. E odeio com todas as forças, com todas as letras, em CAPSLOCK, de trás para frente, em inglês ou latim. EU ODEIO. Sou uma ótima companhia para mim mesmo,
adoro ficar sozinha, lendo, escrevendo ou fazendo o meu nada. ...
Prefiro me afundar em mim a ter que ouvir gente falando merda ou contando vantagem.


Fernanda Mello
Acredito que os casais mais felizes não encontraram-se na internet, mas no acaso ou na fila da padaria. Eles se encontraram no tempo. A sincronicidade entre duas pessoas faz com que elas vivam no mesmo tempo, olhem para o mesmo futuro e tenham abandonado seus respectivos passados. Aprenderam com o que viveram, sonham motivados pelo espírito livre e escolheram viver com o aprendizado das escolhas feitas no passado. Mas o passado ficou. Passou. Virou um ponto de lembrança. Apes...ar de tudo – e de todos – a gratidão prevalece. Mas a dinâmica da vida reside justamente nisso, em nossas escolhas. O tempo me ensinou que quando não fazemos escolhas, a vida acaba fazendo por nós, e se por um lado podemos perder algo em uma opção errada, deixar de escolher pode nos fazer perder tudo. O brilho da vida é o reflexo de nossa caminhada e depende de nossa disposição em jamais parar, seja no tempo, em pessoas ou escolhas que venceram o prazo de validade. Assim, podemos mudar nossa direção diante de fatos que nos são impostos, mas nunca voltarmos atrás. Isso parece tão óbvio quanto de fato é: só voltamos ao passado em filmes de ficção científica, ou quando escolhemos sabotar e enterrar nossos sonhos do presente… Talvez nosso maior erro nesta vida seja segurar na mão de uma pessoa que ainda esteja com suas âncoras fincadas em águas paradas, passadas. Por mais doloroso e solitário que pareça, quando isso acontece é preciso então seguir sozinho para outros mares, outras praias, seguir em frente em busca de novos erros e acertos. Parar no tempo e deixar a vida passar é o grande equívoco que leva o homem a negar a vida e somente sobreviver. Faça suas escolhas e viva!

Alexandre Barreto

CASAMENTO, MODO DE USAR


Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal como o preço abusivo dos tomates, ou que entenda quando você precisar filoso...far sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando.
Observe se não há desespero ou insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem espontaneidade, sem vida nos olhos.
Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja, mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam. Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia. Observe o caráter, antes de perceber as caspas.
Case-se com alguém por quem tenha tesão. Principalmente tesão de vida. Alguém que não lhe peça para melhorar, que não o critique gratuitamente, alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável que impregne em você a vontade de ser melhor e maior, para si mesmo.
Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado.
E assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.
Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama, se sentimos estalinhos no beijo, se nossos signos se complementam no zodíaco, que deixamos de prestar atenção no que realmente importa; os valores. Essa palavra antiga e, hoje assustadora, nunca deveria sair de moda.
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.

Diego Engenho Novo

domingo, 31 de maio de 2015

Hoje eu quero que você ame a Vida sobre todas as coisas.
Que não contrarie a Natureza, em hipótese alguma.
Que compreenda sempre os teus amores.
Que respeite ao máximo a tua própria Liberdade.
Que tenha um domínio completo dos Estados de Espírito....
Que trabalhe um pouco menos.
Que sinta arrepios de Prazer toda vez que respirar.
Que só conviva com pessoas saudáveis, criativas, inteligentes,
excitantes, amorosas, libertárias e compreensivas.
Que siga o que te pede todo dia esse louco coração.
Que coloque amor e alegria em tudo que fizer.
E que tenha sempre a Sabedoria de Fazer Escolhas.

Amém

 Edson Marques


 
Quando ela se vê no meio do sonho, sente as borboletas chegando. Respira, respira novamente. Até alivia entre um suspiro e outro, mas logo vêm todos aqueles sintomas que são típicos da dona ansiedade. E ela já não consegue parar de pensar no que está por vir. Ela gosta, sente, planeja, vive cada segundo. Mas as borboletas já se instalaram, e estão lá no estômago revirando tudo. E resta se acostumar com o alvoroço, com a falta de ar, com a cabeça rodando. Faz parte. Ela sabe. Só precisa aprender a lidar com tantos sentimentos em ebulição. Ela não reclama. Sorri. Mas o aperto precisa ser aliviado, e lá vai ela dar os trezentos suspiros, para encher o peito e seguir direitinho o que Rita, a Apoena, sugere: 'Quando estiver bem levinho, solte as amarras e flutue'.

 Rita Moraes
Todas as relações do mundo possuem sua prateleira de cristais. Há sempre um suspense, uma delicadeza ao transitar pela fragilidade do outro. Melhor não falar muito alto, é mais prudente ir devagar e com cuidado. Para não estragar, pra não quebrar, pra durar por muitos séculos.

Martha Medeiros

Na vida a gente só sabe se ama alguém...

Na vida a gente só sabe se ama alguém, só tem o direito de dizer a alguém “eu amo você”, depois de ter dito infinitas vezes a este mesmo alguém a frase: “eu perdôo você”, porque na verdade a gente só sabe que ama depois de ter tido a necessidade de perdoar. Antes do perdão a gente pode até ter admiração por alguém, mas admirar alguém ainda não é amar, porque admiração não nos leva a dar a vida pelo outro, não! Admiração é um sentimento, uma situação superficial, quase que externa, “eu admiro aquela pessoa”.
Mas eu sei que amo depois de ter olhado nos olhos, saber que errou, que não fez nada certo e mesmo assim eu continuo dizendo: “eu não sei viver sem você! Apesar de ter errado tanto, continua a ser especial pra mim!”. A gente sabe que ama as pessoas depois de ter feito um exercício de olhar nos olhos no momento em que ela não merece ser olhada e descobrir ali ainda uma chance que ainda não acabou.
Coisa boa na vida é a gente encontrar pessoas que nos tratem assim, com esse nível de verdade. A gente já nos conhece de verdade, já foi capaz de conhecer todas as nossas qualidades, também todos os nossos defeitos, porque eu não sou só qualidades, também tenho defeitos e eu só me sinto amado no dia em que o outro souber todos os meus defeitos e mesmo assim continuar acreditando em mim. Muitas vezes o nosso amor humano não é assim. A gente ama o outro por aquilo que ele faz de certo e de bom para nós! Não é assim? E às vezes até elegemos os nossos amigos assim, ele é bom demais pra mim e no dia em que deixar de ser, deixou de ser amigo. E no dia que falhou, no dia em que errou, no dia em que esqueceu, no dia em que não conseguiu acertar, continua tendo valor pra você ou você só amou aquele que consegue lhe fazer o bem?
Jesus disse que não tinha mérito nenhum em amar aquele que nos amam, que o mérito esta em amar o outro mesmo quando ele não merece ser amado. Eu sei que é um desafio mas essa é a tua religião, é isso que nós acreditamos, é isso que nós bebemos no carvalho. Eu creio que não há descanso maior para o nosso coração do que encontrar alguém que nos ama. Assim é que eu gostaria que você levasse para sua vida somente as pessoas que te amam assim, com essa capacidade de olhar nos teus olhos mesmo quando você não consegue fazer nada certo e mesmo assim, continua sendo o teu amigo e continua acreditando em você.
Deixe entrar na sua vida apenas as pessoas que quiserem te fazer melhor, porque gente que nos diminui nós já estamos cheios, amigos de verdade são aqueles que nos desafiam, são aqueles que no momento em que estamos na lama nos olha nos olhos e nos diz: “você não foi feito para isso!”. Amigo de verdade é aquele que olha nos teus olhos e te respeita e nos coloca para sermos mais. Namorado de verdade é aquele que te respeita como mulher, porque saber que tu és um coração, que é muito mais necessitado de ser amado, abraçado, de ser tocado. E o amor vem antes do toque. E quem disse que beijar na boca é declaração de amor? Pode até ser uma das demonstrações, mas eu tenho certeza que o seu coração se sente muito mais amado no momento em que você é olhado de um jeito certo, do que beijado de qualquer jeito. Não são poucas às vezes que você beija, beija, beija... Abraça, abraça, abraça... Transa, transa, transa, e mesmo assim continua sozinho, porque um homem deitado do lado da cama não é garantia de companhia, nem uma mulher na cama pode ser garantia de que estamos acompanhados.
Há sofrimento e muito profundo nos corações que se banalizam. Há muito sofrimento nos corações que se prostituem. Por quê? Porque sentem a sensação de que estão sendo utilizados, de que viraram uma praça pública onde os outros passam e jogam seu lixo.
Por isso que antes de entrar na vida de alguém, olhe bem nos olhos dela e tente fazer com que ela descubra que você a ama só olhando para ela. Olhe de um jeito que ela se sinta amada, e se você olhar do jeito certo, você não precisa ter ciúme porque a mulher que for olhada de um jeito certo nunca mais vai querer um outro olhar. É o momento de segurar as mãos e lhes dizer, "eu estou aqui do seu lado e quero ser para você aquilo que te falta, quero ser um amigo no momento em que precisares de um amigo, quero ser um irmão no momento em que precisares de um irmão e até mesmo um pai, uma mãe, no momento que, por ventura, precisares de um pai e de uma mãe e os teus não puderem corresponder esse papel."
Muitos casamentos não dão certo sabe por quê? Porque às vezes na vida, as pessoas vão embora aos poucos. Ta ali do lado, todo dia, mas já foi embora há muito tempo. Começa a ir embora o amante, o primeiro que vai embora geralmente, depois vai embora o amigo, e quando vai embora o amigo já não existe mais o casamento, já não existe mais companheirismo, já não existe mais amizade, já não existe mais respeito, e todos nós gostaríamos de lares que durassem, todos nós gostaríamos de ter pais que se amassem, que se respeitassem, que permanecessem do nosso lado, que segurassem as nossas mãos no momento em que nós tivéssemos a sensação de que elas estão vazias.

Padre Fábio de Melo

domingo, 26 de abril de 2015

"Você mente tanto para todos ao seu redor sobre sua felicidade que uma hora a mentira se torna convincente até para ti. Tu aprende a colocar a máscara do equilíbrio, normalidade e satisfação na hora que levanta da cama e só a tirar quando vai deitar novamente… A noite, justamente quando todos os fantasmas nos assombram, inclusive e principalmente o da nossa realidade."

Nietzsche

Os grandes relacionamentos ...

Os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna ...de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades. O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre"... hoje! Agora, tem um lado muito romântico meu que diz que a "tal pessoa" virá e enroscará uma margaridinha nos meus cabelos cacheados, fazendo pousar no meu rosto o sorriso de um beija-flor... e plagiará Neruda sussurrando ao pé do ouvido: "Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..."

 Marla de Queiroz
 
Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a t...evê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado. Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo. Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço. Meu maior medo é escrever para não pensar.

 Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O amor é algo bem maior do que esse tal destino que as pessoas falam, e que eu duvido muito que exista. O amor é muito maior do que qualquer coincidência, plano ou estratégia perfeita. Às vezes, ele faz as coisas acontecerem de um jeito tão estranho, tão sem aviso, que só quando a gente para pra ver o percurso das coisas é que começa a ver a magia acontecendo.

Frederico Lima
Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo. Não se preocupa nunca em dar amor, sem esperar reciprocidade. A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se recusar a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi por que evitar a fossa. Se a fossa veio é porque ela tinha que vir, o negócio é viver ela e tentar esgotar ela. A gente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai aprofundando,... aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre. A gente sempre procura um amor que dure o mais possível. Procura, procura, talvez tu aches. Pra mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho.

 Caio F. Abreu

Se apaixone por um grande homem…


Nós homens nos caracterizamos por ser o sexo forte, embora muitas vezes caiamos por debilidade. Um dia, minha irmã chorava em sua casa… Com muita saudade, observei que meu pai chegou perto dela e perguntou o motivo de sua tristeza. Escutei-os conversando por horas, mas houve uma frase tão especial que meu pai disse naquela tarde, que até o dia de hoje ainda me recordo a cada manhã e que me enche de força. Meu pai acariciou o rosto dela e disse: “Minha filha, apaixone-se por Um Grande Homem e nunca mais voltará a chorar”. Perguntei-me tantas vezes, qual era a fórmula exata para chegar a ser esse grande homem e não deixar-me vencer pelas coisas pequenas… Com o passar dos anos, descobri que se tão somente todos nós homens lutássemos por ser grandes de espírito, grandes de alma e grandes de coração, O mundo seria completamente diferente!
Aprendi que um Grande Homem não é aquele que compra tudo o que deseja, porque muitos de nós compramos com presentes a afeição e o respeito daqueles que nos cercam.
Meu pai lhe dizia:
“Não se apaixone por um homem que só fale de si mesmo, de seus problemas, sem preocupar-se com você… Enamore-se de um homem que se interesse por você, que conheça suas forças, suas ilusões, suas tristezas e que a ajude a superá-las.”
Não creia nas palavras de um homem quando seus atos dizem o oposto. Afaste de sua vida um homem que não constrói com você um mundo melhor. Ele jamais sairá do seu lado, pois você é a sua fonte de energia… Foge de um homem enfermo espiritual e emocionalmente, é como um câncer matará tudo o que há em você (emocional, mental, física, social e economicamente)
“Não dê atenção a um homem que não seja capaz de expressar seus sentimentos, que não queira lhe dar amor.”
Não se agarre a um homem que não seja capaz de reconhecer sua beleza interior e exterior e suas qualidades morais. Não deixe entrar em sua vida um homem a quem tenha que adivinhar o que quer, porque não é capaz de se expressar abertamente. Não se enamore de um homem que ao conhecê-lo, sua vida tenha se transformado em um problema a resolver e não em algo para desfrutar”. Não se apaixone por um homem que demonstre frieza, insensibilidade, falta de atenção com você, corra léguas dele. Não creia em um homem que tenha carências afetivas de infância e que trata de preenchê-las com a infidelidade, culpando-a, quando o problema não está em você, e sim nele, porque não sabe o que quer da vida, nem quais são suas prioridades. Por que querer um homem que a abandonará se você não for como ele pretendia, ou se já não é mais útil? Por que querer um homem que a trocará por um cabelo ou uma cor de pele diferente, ou por uns olhos claros, ou por um corpo mais esbelto? Por que querer um homem que não saiba admirar a beleza que há em você, a verdadeira beleza… a do coração? Quantas vezes me deixei levar pela superficialidade das coisas, deixando de lado aqueles que realmente me ofereciam sua sinceridade e integridade e dando mais importância a quem não valorizava meu esforço? Custou-me muito compreender que GRANDE HOMEM não é aquele que chega no topo, nem o que tem mais dinheiro, casa, automóvel, nem quem vive rodeado de mulheres, nem muito menos o mais bonito. Um grande homem é aquele ser humano transparente, que não se refugia atrás de cortinas de fumaça, é o que abre seu CORAÇÃO sem rejeitar a realidade, é quem admira uma mulher por seus alicerces morais e grandeza interior. Um grande homem é o que cai e tem suficiente força para levantar-se e seguir lutando… Hoje minha irmã está casada e feliz, e esse Grande Homem com quem se casou, não era nem o mais popular, nem o mais solicitado pelas mulheres, nem o mais rico ou o mais bonito. Esse Grande Homem é simplesmente aquele que nunca a fez chorar… É QUEM NO LUGAR DE LÁGRIMAS LHE ROUBOU SORRISOS… Sorrisos por tudo que viveram e conquistaram juntos, pelos triunfos alcançados, por suas lindas recordações e por aquelas tristes lembranças que souberam superar, por cada alegria que repartem e pelos 3 filhos que preenchem suas vidas. Esse Grande Homem ama tanto a minha irmã que daria o que fosse por ela sem pedir nada em troca… Esse Grande Homem a quer pelo que ela é, por seu coração e pelo que são quando estão juntos. Aprendamos a ser um desses Grandes Homens, para vivenciar os anos junto de uma Grande Mulher e NADA NEM NINGUÉM NOS PODERÁ VENCER!

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 30 de março de 2015

"Quando a gente conversa, contando casos, besteiras… Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos. E eu não sei que hora dizer, me dá um medo. Que medo. É que eu preciso dizer que eu te amo, te ganhar ou perder sem engano. É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto. E até o tempo passa arrastado só pra eu ficar do teu lado. Você me chora dores de outro amor, se abre e acaba comigo. E nessa novela eu não quero ser teu amigo. Eu já não sei se eu tô misturando, eu perco o sono lembrando em cada riso teu qualquer bandeira, fechando e abrindo a geladeira a noite inteira..."

Cazuza

Minha vida mudou muito nos últimos anos. Eu mudei muito nos últimos anos. Mudei sem oferecer a menor resistência. Mudei sem me surpreender com as mudanças. Elas simplesmente apareceram, aconteceram, me invadiram e se instalaram. Então, eu finalmente me senti em casa dentro de mim mesma. E hoje, mais do que nunca, sinto que não devo nada para ninguém. A gente demora demais para se livrar de pesos e culpas. Mas um dia, finalmente, a gente acorda. E descobre que tem uma vida inteirinha pela frente.

 Clarissa Corrêa

Acho que foi em 2004 ..

Acho que foi em 2004 que a vovó parou de andar. Simplesmente não conseguia mais, ela nunca foi muito ativa, dessas avós corre-mundo de novela, fazia mais o tipo avó de palavras-cruzadas, rezas católicas, Roberto Carlos e jogos do Internacional no radinho de pilhas. Meu avô era o oposto, estava sempre zanzando, sempre trazendo algo novo da rua, ou o usual hálito etílico da birita dominical com seus cupinchas de bar (quantas vezes ouvi a ordem “o almoço está quase pronto, vá buscar o seu avô!”). Eles não admitiriam – nem poderiam, entre tantos outros – mas sempre me senti o neto predileto, eu estava sempre por perto, era amoroso, gostava de brincar com os lóbulos molengas dela e assistir filmes de bang-bang e jogos de vôlei feminino com ele. Um dia meu avô me chamou no quarto. Supostamente minha avó não queria se levantar para tomar o último café do dia, e a lenga-lenga estava o deixando irritadiço. Então eu tive de dizer “ei, vô, a vó não caminha mais” e ele ficou meio confuso, as mãos na cintura, ofegando. Não deu outra, após alguns exames detalhados, o diagnóstico foi o tal do Mal de Alzheimer, coisa que só se dava com o avô dos vizinhos. Com mais alguns anos, minha avó deixou de se alimentar como um adulto, passou a se comunicar apenas com gemidos e sinais. E meu avô foi esquecendo quem eu era, quem era todo mundo. Só não esquecia da sua “Deusa”, como ele dizia, que estava sempre ali, na poltrona próxima à janela. Era um tanto irônico. Ela, com a memória de ferro intacta, vegetando. Ele, pra lá e pra cá nos corredores, perguntando às enfermeiras que horas o carro chegaria para levá-lo de volta para sua casa – onde ele já estava, de onde dificilmente saia. Na cabeça dele, estava, vai saber, na agência de Correios onde sempre trabalhou até uns 30 anos atrás. O tempo foi passando, ele deixou de assistir filmes de bang-bang, foi ficando cada dia mais esquecido, mas agressivo e impaciente, às vezes protagonizando umas cenas engraçadas, que a gente ria antes de chorar. Mas sempre zanzando. Corredor, cozinha, porta da frente sempre trancada, corredor, sala, banheiro, quarto de dormir. Como se estivesse num lugar nada residencial, trancado fora do mundo que levou décadas para construir. Então a vovó pegou uma pneumonia. Aí melhorou. Ficou ruim outra vez, os antibióticos não funcionavam. Até que me ligaram no meio da noite. “Ela piorou muito”, eu sabia, era apenas um eufemismo de quem não sabe como dar a notícia. Ao chegar no quarto, o rosto frio de quem não havia sofrido muito, os socorristas preenchendo formulários, legalizando o sono eterno. Ele deitado do lado, olhos fechados e o neuro-tique de mastigar as gengivas, sem nada desconfiar. Igual ele não discerniria, seria árduo explicar a diferença de vida e morte a um velhinho agredido por uma doença degenerativa avançada. Foi consenso não contar, às vezes a realidade apenas traz dores desnecessárias, felizes são os que vivem no mundo da lua. Pela manhã, enquanto ele contava piadas na sala, a funerária passou com o corpo. Isso foi há umas duas semanas, mais ou menos, e até hoje ele não perguntou por ela. Parece feliz, daquele jeito dele, dias bons, dias ruins, nenhum é igual. Não sei se foi o certo a fazer, mas foi o melhor. Há casos em que a correção não alivia o sofrimento de ninguém. Mas uma coisa me veio à cabeça, enquanto o padre fazia a extremunção divertindo o pessoal melhor do que faria Jerry Seinfeld, um verdadeiro showman. Será que ela não segurou a barra de viver entrevada esse tempo todo só para morrer quando justamente não o faria sofrer? Impossível saber, mas eu acho que sim, seria uma prova de amor contundente no meio dessa matilha de relações egoístas. E, apesar de não crer muito nessas coisas, também gosto de pensar que ela foi para um lugar melhor. Um lugar onde as pessoas lembram do seu nome.
  Gabito Nunes
Eu nunca fui aquela que quis pouco, porém, sempre me dei aos poucos. Quando a gente aprende que o amor é reflexo a gente sabe como dosar atitudes. Só se dá amor, se recebe amor.
Quando me atiro, dou corpo e alma. Ninguém tem meu corpo, sem minha alma, bem como, ninguém tem minha alma sem meu corpo. Os dois se tornam um só quando amo e nenhum deles existe separado.
Chico Buarque já dizia: "Morre de amor quem é capaz". E só é capaz de morrer por amor e pelo amor quem se entre...ga, se atira, mas, sabendo e sentindo que será correspondido. Do contrário, é sadomasoquismo, sofrimento. Amor bonito é amor recíproco.

Simony Thomazini
 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Bonito são os casais que sentam para resolverem seus problemas, que seguram a mão do outro para sair na rua. São aqueles casais que além de sentirem atração pelo físico, são apaixonados pelo o que o outro é por dentro. Que riem sem tentarem forçar a risada. Que sabem que nada será fácil, mas se continuarem unidos nada os derrubará também. O amor é isto. É companheirismo. É saber ouvir o outro. É querer o bem de alguém. É sentir uma vontade de sorrir só de lembrar de certas coisas. Quando se entra em uma relação para valer, ambos lados precisam estar cientes de que furacões tentarão os atingir, mas se o amor de um dos lados for fraco, não será necessário um furacão. Até uma simples brisa já irá os separar. Quem ama enfrenta qualquer coisa. Quem ama engole o orgulho por medo de perder. O amor faz qualquer um evoluir.

 Collins Williams

Amizade vai além do momento.

Amizade vai além do momento. É comum ser amigo de contextos idênticos e se distanciar com os hábitos diferentes. Quando você está solteiro, o normal é fazer cumplicidade com quem frequenta festas e não se apega a uma relação. Quando está casado, o normal é criar laços com outros casais e privilegiar jantares e viagens. Quando está com filhos, o normal é sair com quem também está conhecendo as manhas e as longas manhãs dos bebês. Amizade verdadeira ultrapassa a normalidade e o... oportunismo do convívio. Estas nem são amizades verdadeiras, mas afinidades circunstanciais. São colegas de uma época, de uma fase, de um estilo. Acabam unidos provisoriamente por um gosto, circunscritos a uma vizinhança etária. Desaparecem diante de nossa primeira mudança, de nossa primeira transformação de personalidade. Permanecem quando há um interesse imediato, um arranjo benéfico do cotidiano, e somem quando não existe mais uma desculpa para se ver e se ouvir. Dependem de um pretexto para se manter próximos. Os conhecidos da academia ficarão no passado dos halteres assim que cansarmos dos treinos. Os conhecidos da faculdade ficarão na lembrança do quadro-negro assim que nos formarmos. Os conhecidos dos cursos de idiomas ficarão nos livros de exercícios assim que dominarmos uma nova língua. Amigo mesmo é o que não experimenta uma fase igual e permanece junto. Quebra o espelho e não se machuca com os cacos. Amigo mesmo é o que não tem filho e vem brincar com nossas crianças, não reclama dos gritos e dos choros e não diz que “pela trabalheira, não pensa em ser mãe ou ser pai tão cedo”. Não se justifica, está lado a lado qualquer que seja o cenário. É aquele que se separou e não amaldiçoa nossa paixão recente. É aquele que não tem emprego fixo e não inveja o nosso sucesso. É aquele que não tem nenhum problema grave e escuta com paciência e atenção as nossas lamúrias. Não é o de empatia fácil, feita de experiências semelhantes: só porque atravessa a fossa entende a nossa fossa, só porque transborda de alegria festeja a nossa alegria. Amigo não dá nem para contar nos dedos, pois sempre estará segurando nossa mão.

Fabricio Carpinejar
Eu nunca te pedi pra mudar, não por mim.
Se um dia tivesse que mudar, teria que ser
por você, acima de qualquer coisa. Eu queria
apenas um pouco mais de atenção, e quem
sabe, um pouco mais de carinho. Eu sei é o...
teu jeito. Mas saiba que me irrita, quem se
esconde atrás dessa fala.


Nicholas Sparks

Lembro quando ela disse..

Lembro quando ela disse ser controladora de suas emoções. Dei aquela risada amarela, aguardando que desmentisse, mas fez questão de reafirmar. Tudo bem, cada louco com sua loucura, mas ela foi além, disse que controla sua vontade de amar, aqui, na palma da mão.
Tratava-se de uma bela mulher. Ouvia Adriana Calcanhoto, Djavan e Marisa Monte, mas sabia a hora certa de curtir um bom samba e - porque não? - até um funk. Cinéfila de carteirinha, os filmes de Almodóvar eram sua insp...iração, mas também apreciava o bom jorra-sangue de Tarantino e os clássicos de Kubrick e Polanski . Sou obrigado a dizer que, do 'alto' de seus vinte e poucos anos, é uma das pessoas mais seguras que conheci.
Mas como ninguém é perfeito, não demorei pra perceber seu ponto fraco: relacionamentos. Pretendentes havia, e não eram poucos. Possuía predicados suficientes pra chamar atenção de qualquer homem. Poucas vezes passava o sábado a noite desacompanhada, mas raramente ultrapassava esse limite imposto por ela mesma. Dizia que não era o momento, não queria se apegar a ninguém, havia coisas mais importantes.
Que mulher é essa que tem o dom (ou a chaga?) de fazer o amor de fantoche? Como alguém consegue controlar algo tão incondicional? Dizia pro amor voltar amanhã, na semana que vem, ou se possível, só em 2086. Ela seguia o caminho inverso e bajulava-se por isso. Não era minha intenção, e sei que se meter em vida alheia não é coisa que se faça, mas não tinha jeito: Já estava envolvido.
Tentei explicar o quão adorável é dar-se uma chance, deixar que as vontades e o acaso tomem a frente da situação, que nos conduza, mas de maneira vagarosa pra que possamos aproveitar cada momento, cada segundo que nos proporcionam. Perceber que aquele esboço de sorriso ao reparar sua chegada já vale as duas horas enfurnado dentro daquele ônibus, que junto àquela pessoa dá-se a volta ao mundo quantas vezes se quer. Disse que amor não era se apegar à primeira pessoa que surgir, mas que se for pra acontecer, que dê licença e abra passagem. Afirmei que autoconfiança é essencial, mas que em excesso pode virar egocentrismo. Disse que o amor é o melhor da vida, porque simplesmente nos faz feliz.
Gostaria de dizer o contrário, mas seria ilusão. Ela não cedeu, e foi além. Quis apostar comigo que teria amor quando quisesse. Abaixei a cabeça, recusei sua proposta e, conclusivo, me rendi. Ela inverteu os papéis. Que o melhor - e por vezes mais cruel professor, o tempo, trate de mostrá-la que amor não é meio, é fim. Não é aposta. É recompensa.

 Brunno Leal
Bem ou mal, ela sente sua ausência. Toda noite, evita estar em casa lembrando que o espaço do apartamento triplicou por um milhão. Sente falta de camisetas espalhadas aleatoriamente. Fica lembrando ele cozinhando espaguete al pesto, ou quando ele sentava na janela dedilhando “Tears In Heaven”, ou assistia o colorado comportadinho, roendo as unhas sem parar, os pés no sofá. Hoje, coleciona casos com cafajestes fajutos. Sente falta dos sermões que levava por andar descalça no chão frio. Verifica o funcionamento do telefone: tu-tu-tu. Presos pela liberdade, prosseguem cada um na sua, conectados por um fio invisível que não conduz mais eletricidade. Um fio de saudade dissonante e a certeza de que, amor como aquele deles, não acontece no tocar de uma varinha de condão.

Gabito Nunes

sábado, 31 de janeiro de 2015

Vai devagar…

"Vai devagar… Pensa duas, três, quatro, quantas vezes forem necessárias pra não fazer bobagem. Cuida do teu coração, cuidado com quem você deixa entrar. Espera o tempo passar. Acredita menos… As pessoas não são tão legais quanto aparentam ser. Quem acredita menos, sofre na mesma proporção. Até quando você achar que é verdade, desconfie um pouquinho. Faz bem não se entregar totalmente logo de cara. Se arrisca mais, por você. Tenha coragem para dizer tudo que tens aí guardado. ...Seja forte para conseguir se manter calada perante alguns. Muda de rumo. Quando te mandarem ir por lá, vai pelo outro caminho. Ou vai apenas, pelo caminho do teu coração. Se você não aguentar mais fingir… Chore. Depois que você acabar de chorar, vai sentir-se mais leve. E então vai levantar a cabeça, lavar o rosto, pôr uma roupa bonita no corpo, um sorriso escandalosamente lindo no rosto e dizer que chega, que você vai é ser feliz. Eu sei, é assim mesmo. E vai funcionar! Não diga “nunca”, nunca. Irônico, não? Mas não diga. Porque essa vida é incrivelmente engraçada. Mais uma coisa. Você não pode ter medo que as pessoas te machuquem, viu. Porque as pessoas vão te machucar de vez em quando, até mesmo aqueles que você mais confia e admira. Não vão fazer por mal, mas somente porque são humanos. Cometemos erros ridículos com pessoas maravilhosas. Faz parte. Não esquece que cada um é cada um. Somos diferentes. Graças a Deus, somos. Vive um dia por vez, sem pressa e sem querer ser mais rápida que o tempo. E por favor, vai ser feliz, que tu ainda tem muito por viver."

Caio Fernando Abreu
 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Ela é tão cheia de sonhos, de vontades de fazer acontecer, de amar mais um pouco, de abraçar um pouco mais de tempo. De dar beijos mais longos, de ficar mais 5 minutinhos na cama, de tomar um xícara de café com calma, de escrever o que pede o coração. Ela tem pouca paciência pra gente vazia que enche o saco com falta de afeto. Ela cisma em tentar mais uma vez, mesmo que já seja a enésima desde a p...rimeira tentativa frustrante. Faz mil planos antes de dormir, faz questão de pendurar lembretes pela casa porque tem medo de esquecer tudo que o dia precisa preencher. Ela vai e vem com o passar dos dias, fica pra ver o pôr do sol, tem dias que não sabe se consegue levantar da cama, mas desobedece à si mesma, e age. Ela tem a teimosia de acreditar nas pessoas e chora sempre que paga o preço por ter se decepcionado, mas ela segue em frente e não deixa a vida repetir todos os dias, ela faz os dias serem inéditos a cada segundo passado. Ela é cheia de sonhos, mas é feita de realizações.

  Joany Talon
 
Nunca fui a favor daquele amor que parte de teorias. Não acredito no amor que tenha nascido de razões, de vontade já preestabelecidas. Amor tem que ser à vista. Vontades eu trago à prazo. Faço questão de caminhar com os pés descalços.
Porque amor é simplesmente assim. Bate à porta sem prévio aviso. E o que você dirá? Volte depois, a casa está desarrumada? Não adianta oferecer paisagens, amor só se sustenta com um mundo inteiro.
Amor não diz o que é, tampouco a que veio. Isso ...é missão nossa. Amor se dá, mas não se desvenda. Buscamos descobrir seus segredos, e isso é mais que justo, pois não desejamos mergulhar em um mundo de incertezas, mas pecamos ao esquecermos que a incerteza é a gasolina do amor, e isso é lindo, pois casal que não se nutre de incertezas não é mais casal. Transformam o amor em conveniência, em contrato, desfazem vidas, desatam desejos. A melhor maneira de planejar o amor é deixando que o amor nos planeje.
É chato, é clichê, mas não tem jeito; não compreendo quem calcule a chegada do amor. Mais: não entendo quem desvirtue sentimentos quando o amor já se faz presente. Algo parecido com 'o amor chegou, mas ainda não é hora', e é óbvio que não é hora, pois jamais haverá hora, e não faz qualquer sentido nos oferecermos apenas quando estamos cem por cento, até porque não sabemos quando isso ocorre. Imaginamos, mas não sabemos.
A verdade é que o oposto do amor não é o ódio nem a indiferença. O oposto do amor é o cálculo. No cálculo há o amor recíproco, há a vontade de estar junto, de dividir olhares, de compartilhar a respiração, há o desejo de construir futuro. O problema é que colocamos vaidades e vergonhas à frente, conduzimos de maneira errada, somos maduros no amor quando deveríamos ser crianças. Passamos a dividir saudades. Na indiferença você passa batida. No cálculo você para e fica. Compromete seu céu.
.
Isso me lembra Paralamas do sucesso: "Ela disse adeus e chorou, já sem nenhum sinal de amor". Ora, ninguém dá adeus e chora sem que haja nenhum sinal de amor. Herbert deixa isso claro. É blasfêmia amorosa. Significa ter amor mas não predestinar, e sim preconceituar. Ela amou mas calculou; tendeu ao fim.
A indiferença atinge um. O cálculo maltrata os dois.
Calcular amor é enganar si próprio. É dizer não quando o sim já tornou-se onipresente. Não calculo o amor porque minha conta é dedutiva e incerta, sem medidores, já na primeira respiração e no primeiro sorriso.

 Brunno Leal
 

''Quando um garoto ama de verdade uma garota, ele muda."

''Quando um garoto ama de verdade uma garota, ele muda. Deixa de lado todas as outras coisas, pra fazer feliz aquela que faz seu coração bater mais rápido.”
Essa foi a primeira frase que li quando acordei hoje cedo. Alguém curtiu ou compartilhou no facebook. Aliás, tentem parar um pouco de fazer isso por lá. Às vezes acho que estou no tumblr ou em algum blog de comédia. Não é legal nem engraçado quando todos os seus amigos colocam a mesma coisa por semanas. Bom, voltando ao t...ema do post.
Li a frase e fiquei pensando nisso por alguns minutos. Será mesmo que o cara realmente precisa deixar de lado todas as outras coisas pra fazer a garota que ama feliz? A frase me parece tão egoísta. Sério que pessoas esperam isso de um relacionamento? Tá errado gente!
Se tem uma coisa que meus dois últimos namoros me ensinaram, é que o amor não deve nunca se transformar em obrigação. O sentimento base de qualquer relacionamento é a parceria. Ninguém pode carregar o outro no colo e deixar todo o resto de lado. Isso sufoca demais. Sem um equilíbrio, todo e qualquer assunto se transforma em briga e pressão. Vai por mim, cobrança exagerada é na verdade falta de auto-estima camuflada.
Aprendemos desde cedo como nos virar sozinhos. Enfrentamos muros e monstros pra poder bater no peito e dizer que somos independentes. Nenhum relacionamento muda isso. Quero dizer, não nascemos de novo quando conhecemos alguém. Podemos até descobrir uma nova maneira de ver a vida, mais feliz e alegre ou sei lá, amadurecer e nos tornarmos adultos de verdade, mas isso não é motivo e nem justificativa pra fazer do cara a última molécula de oxigênio do planeta. E mesmo se fosse. Ela não seria só sua.
Se a garota já começa querendo que o cara mude completamente, quer dizer que ele não é o cara certo. Em que séculos estamos? Foi-se o tempo em que os relacionamentos que dão certo eram apenas aqueles cheios de sacrifícios e promessas. Não deixar o cara viajar com a família, passar a tarde toda jogando ou sair às vezes sozinho com os amigos é como levantar uma plaquinha com as palavras “Termina comigo? Sou um saco!”.
Anota aí: Sempre existirão outras coisas, outras pessoas, outros lugares nesse mundo. O segredo é deixar ele descobrir tudo isso sozinho, e ainda sim, preferir você.

 Bruna Vieira
 
Almocei ao lado de um casal. Ela dizia “você não tem atitude”. E ele ficava quieto. Ela dizia “custava ter se oferecido pra me levar, você sabia que eu tava nervosa”. Ele só coçava a testa. Ela dizia “cê pagou quanto”. Ele fazia com os dedos “três”. Ela gritava “três paus??? tá vendo, cê tem preguiça de procurar”. Ele enfiava a cabeça na palma da mão esquerda. Ela dizia “cê vai querer tentar?” Ele olhava o cardápio. Dai ficaram em silêncio uns vinte minutos. Até que ela falou “seu suco não veio, quer o meu?”. E ele quis. Amar um homem é, basicamente, desistir.

(Tati Bernardi)