sábado, 3 de outubro de 2015

Querido destino,


Eu e minha vida estamos preocupados com você. Ou melhor, eu, minha vida e minha sanidade mental. Às vezes acho que a culpa é minha, por sempre ter confiado tanto em você e deixado você decidir como as coisas seriam. Claro que já dei minhas interferidas, meus empurrõezinhos, mas sempre tive a sensação de que é inútil e que você que realmente comandou tudo. Sei que você é muito amigo do tempo - esse danado que parece se arrastar quando a gente quer dormir e acordar daqui a 3 meses e voar quando temos 38 trabalhos pendentes da faculdade. Então, mesmo sem saber bem qual endereço colocar nessa carta, venho através desta fazer um pedido: deem um jeito, ok? Isso mesmo que você leu, destino. Pegue seu amigo tempo pela mão e deem um jeito nas coisas por aqui, antes que eu enlouqueça. Sabe que nunca enchi seu saco e pouco o questionei, mas como boa humana de carne, osso e coração, também me revolto.
É bem verdade que você encaixa as coisas, não precisa responder esfregando isso na minha cara. Mas às vezes você me coloca em cada uma... hoje mesmo, são 3 da manhã, eu deveria estar dormindo pois daqui a pouco já tenho que levantar e encarar um novo dia que você preparou pra mim. E adivinhe? Estou aqui tentando entender de onde viemos, para onde vamos e porque meu celular não toca. A cada sinal que esse aparelho emite, meu coração quase sai pela boca, mas é sempre alarme falso: ou é o surfista bonitinho que dá oi pras pessoas na rua fazendo um sinal de hang loose, ou é o nerd que atira pra vários lados, ou o projeto de Lucas Lucco que não consegue formular uma frase inteira. Com sorte, tem aquele com quem rola uma conversa bem produtiva, é razoavelmente bonito, estuda, trabalha e gosta de se divertir, mas as nossas exatidões não tem somado numa conta de mais. Você parece estar se divertindo com isso, né?
De fato, nenhum desses me interessa. Até interessariam em outra fase da vida. Antes daquele menino largado, vadio, bem humorado, espirituoso, pervertido, carinhoso, bom de papo, bom de lábia e bom de cama, seja dormindo ou acordado. E agora estou aqui desqualificando uns e qualificando outro como se isso influenciasse alguma coisa. Ah, destino, você me conhece e bem sabe que isso não tem nada a ver. Ninguém se apaixona pelas qualidades da pessoa. A gente se apaixona pela pessoa. E todas que você colocou por aqui até agora tem qualidades admiráveis, mas você as coloca por aqui, damos umas voltas e quando vi, a pessoa dobrou numa rua que nunca mais cruzou com a minha. Porquê você faz isso, hein? A propósito, eu sei que você me ensinou a não julgar ninguém, então, desculpa essas características que atribuí pra todos esses caras, mas você entendeu, né? Só quero que você não continue me tirando as coisas que me dá.
Por favor, caríssimo, não me entenda mal. E nem faça muita fofoca minha pro tempo, pois por mais que eu reclame, muito ele já me consolou. Não estou criticando a eficácia de vocês, mas tenho precisado de uma agilidade no trampo, estamos entendidos? Deus me livre ficar de mal com vocês! Já basta o amor - aquele cretino - que volta e meia vem, pede desculpas, fazemos as pazes, conhecemos alguém (geralmente apresentado por você) e daqui a pouco brigamos. Cansei dessa rotina de confiar em você, viver em altos e baixos com o amor e acabar no colo do tempo, ganhando cafuné dele e comendo brigadeiro. Então é assim que me despeço, com afeto e fé no meu pedido de colocar por aqui só o que puder ficar. Mil beijos e bom trabalho!

 Raiane Ribeiro

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