quinta-feira, 14 de agosto de 2014

“tsc, quanto mimimi de menina”

Se ele tivesse coragem, ele deixaria você se aproximar. Se ele soubesse o que dizer, ele te ligaria, ao invés de ficar enviando emoticons e imagens sem sentido via whatsapp. Se ele não tivesse medo das coisas que você o faz sentir, ele te chamaria para jantar nesse final de semana, no próximo também e talvez em todos os outros. Se ele não tivesse a sensação de que se ele te segurasse pela cintura ...e sussurrasse qualquer bobagem ao seu ouvido e você risse, então vocês virariam um só por um instante, ele te olharia nos olhos com mais frequência, sem medo de que você enxergasse o desejo dele por você tremelicando no colorido dos olhos dele. Se ele não se sentisse esquisito por desejar que você estivesse com ele em momentos esdrúxulos, ele não seria um babaca com você, procurando por motivos para brigar sem sequer perceber que busca desesperadamente por uma razão que os mantenham separados. Se ele olhasse pro próprio umbigo ele perceberia que ele também tem furos. Se ele levasse a si mesmo a sério, ele saberia como ativar o modo foda-se-a-sociedade e priorizar o que é de fato prioridade. Se ele não fosse tão ingênuo, ele saberia que embora você seja encantadora, não pode ler os pensamentos dele, e aí não seria tão pão-duro com as palavras. Se ele não perdesse a noção do contorno do corpo dele nos primeiros três segundos seguintes a toda vez que ele sente o cheiro do seu corpo, ele te chamaria para passar as noites de sábado que durariam até as tardes de domingo com ele e não te menosprezaria oferecendo apenas as noites de quarta-feira pós-jogo-do-brasileirão com cheiro de temos-que-trabalhar-amanhã-cedo-por-isso-sejamos-breves. Se a sua presença não o fizesse titubear diante da ideia que ele faz dele mesmo, então ele cairia no abismo que existe entre o que ele pensa que é e o que ele acha que deveria ser e veria que o quão analfabeto de si mesmo ele é. Se ele fosse mesmo um homem, então ele perceberia o quanto todos esses “se’s” são verdades que se passam sem cessar em outdoors dentro dele, e não terminaria de ler esse texto pensando “tsc, quanto mimimi de menina” (se é que terminou de ler).

  Ana Suy

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